Boi safrinha vem conquistando espaço no Cerrado
Para aumentar seus ganhos e garantir um pasto com maior produtividade, os pecuaristas do Cerrado têm aderido aos sistemas integrados, conhecidos por ILP (integração lavoura-pecuária) e ILPF (integração lavoura-pecuária-floresta) em suas propriedades.
Além da produtividade, esses sistemas ainda permitem a maximização do uso das terras, o que garante uma maior diversificação das atividades dentro da propriedade, bem como proporcionam benefícios à saúde do solo e ao meio ambiente.
A utilização desses sistemas tem permitido aos proprietários excelentes resultados, uma vez que com esse consórcio entre forrageira e lavoura, é possível obter um maior controle de pragas, reduzindo despesas para as safras futuras.
Outra característica observada é que há uma melhora considerável do solo devido à maior concentração de matéria orgânica o que beneficia a biota do solo e com isso há uma penetração maior da água no solo, ajudando a reter a umidade e a temperatura do solo. Com isso, o gado tem sempre acesso a uma pastagem mais uniforme e com maior valor nutricional, o que favorece no ganho de peso.
Por que investir nesses sistemas integrados?
Apesar de não ser um método tão novo no mercado, o sistema boi safrinha tem se tornado muito comum nas propriedades localizadas no Centro-Oeste do país, especialmente por proporcionar maior rentabilidade e proteger os pecuaristas de fatores climáticos adversos para a segunda safra de verão, maximizando a produtividade dessa área de cultivo durante o que seria considerado seu período de repouso.
De acordo com os pesquisadores da Embrapa, mais de 3 milhões de hectares no Cerrado brasileiro vêm incorporando essa tecnologia no período da seca. Isso impacta no planejamento das safras, permitindo aos pecuaristas e produtores de grãos uma maior eficiência, uma vez que o boi nesse período de entressafra ajuda a manter o abate regular nos frigoríficos.
Como é feito o consórcio entre essas atividades?
O plantio da forrageira, assim como da lavoura, ocorre ao mesmo tempo. Ou seja, ambas são semeadas juntas, entretanto, o ciclo de plantio e de colheita da lavoura é menor. Após a colheita dos grãos, o solo recebe todo o material orgânico que vai cobrir o solo e ajudar no desenvolvimento da pastagem. Em áreas com florestas, por exemplo, além de promover o bem-estar animal, ainda contribui para a redução de despesas com confinamento.
Para que esses sistemas funcionem em perfeito equilíbrio, o produtor rural deve sempre observar com atenção a altura de retirada dos animais, para garantir que a palhada remanescente cubra bem o solo e permita o plantio direto para próxima safra no verão. Por isso, deve ser realizado um planejamento minucioso para a implantação desses sistemas, a fim de permitir um pasto vigoroso, mesmo em períodos de seca.
Como faço para adotar esses sistemas em minha propriedade?
Segundo o que o Dr. Lourival Vilela explica na figura abaixo, podem ser utilizados diferentes caminhos para a introdução do sistema boi safrinha. Existem fatores que precisam ser avaliados cuidadosamente para maximizar os resultados. Entre eles estão desde as condições operacionais da fazenda até as condições climáticas da região para o cultivo de grãos e, claro, o nível de conhecimento e experiência para a adoção desse sistema em sua propriedade.
Muitas propriedades têm alcançado ganhos consideráveis com esse consórcio entre lavoura e pecuária, como a Fazenda Triunfo no oeste da Bahia, que vem obtendo uma produtividade média de 200 sacas de milho por hectare e ganhos médios de animais em recria variando de 0,8 a 1 kg/cabeça/dia.
Quanto mais propriedades passam a utilizar esse sistema, mais fortalecido fica o agronegócio brasileiro, pois com a adoção do sistema de boi safrinha, há uma redução de plantas daninhas e de nematoides, por exemplo. E tem mais: com o método de poupa-terra é possível aumentar a produtividade sem realizar a abertura de novas áreas.
Produtor rural, na hora de mudar para esse sistema, lembre-se de procurar apoio com os Centros da Embrapa, como o Centro de Cerrados, Gado de Corte, Silvipastoril, Agropecuária Oeste, entre outros localizados no Centro-Oeste.
E como escolher o capim certo para realizar essa integração?
Para que haja um equilíbrio dentro desses sistemas integrados, é indicado o uso de cultivares menos sensíveis à deficiência hídrica e que não compitam com a lavoura.
São recomendadas para essas atividades braquiárias como a BRS Integra, BRS Paiaguás e BRS Piatã da Unipasto devido à boa adaptação ao clima e ao solo do Cerrado. A BRS Tamani vem sendo usada com sucesso no ILPF.
Antes de introduzir essas variedades em sua propriedade, consulte o PastoCerto para obter as orientações corretas com um especialista, produtor rural. Assim, você aumenta a assertividade nos seus resultados. Baixe o aplicativo gratuitamente em sua loja e use-o sempre que precisar.
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